11 de agosto de 2020

Pioneira no estado de São Paulo, Incubadora Virtual de Empresas nasce em meio à pandemia

Por Cíntia Papile

Ação social com consultorias gratuitas oferecidas pela Adetec, gestora do programa, foi pontapé inicial

A pandemia trouxe inúmeras preocupações e o distanciamento social nos impôs limites de locomoção. É isso que você ouviu ou andou dizendo por aí? Não está errado. Mas, tem gente enxergando essa questão de um outro ângulo, quer ver? Em Lins, no interior de São Paulo, está nascendo uma Incubadora Virtual de Empresas, que deve apoiar empreendimentos de qualquer parte do mundo.

 

O programa, lançado no último dia 11 em evento online, é uma iniciativa pioneira no estado de São Paulo promovida pela Adetec (Agência de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico), instituição sem fins lucrativos que apoia os empreendedores há quase 20 anos na região.

 

Já no início da quarentena, a Adetec realizou uma ação social oferecendo consultorias gratuitas com especialistas para empreendedores que necessitassem de apoio. A ação e outros eventos online alcançaram empresários de diversos estados do Brasil, o que germinaria a ideia da Incubadora Virtual. “Nós já temos experiência e competência na incubação física, no modelo tradicional e, quando começamos os atendimentos online, orientando empreendedores, oferecendo consultorias e fazendo palestras, pensamos que tínhamos uma grande oportunidade de atender muito mais nos adaptando a esse novo normal”, afirma Flávio Anequini, gerente da Incubadora de Empresas de Lins, mantida pela Adetec.

 

E o que parecia limitação foi se tornando oportunidade. Lembra do outro ângulo? O distanciamento social provocou, na verdade, uma aproximação sem barreiras geográficas com uma porta para novas ideias. E o melhor: com segurança para todos.  “Temos observado que a gente tem mais contato com as pessoas que antes. Ganhamos tempo com locomoção. E esse tempo pode ser revertido em produtividade. Podemos falar com incubados ou consultores de qualquer lugar”, aponta Eugenio Brito, um dos idealizadores do programa e consultor de inovação da Adetec.

 

E o que é a Incubadora Virtual?

 

Basicamente, um ambiente estruturado remotamente para dar suporte online a quem tem uma ideia para empreender ou mesmo para o empresário que já tem uma empresa e precisa se reinventar ou acelerar seu negócio, com um suporte administrativo, gerencial e tecnológico. A diferença é a não-necessidade de instalação física do empreendimento no ambiente da incubadora.

 

Nas trilhas do desenvolvimento

 

O programa foi dividido em trilhas de desenvolvimento: financeiro, de visão e estratégia de mercados, gestão de pessoas, inovação, entre outras. “São ferramentas que trabalhamos por meio de workshops, que podem ser coletivos ou individuais. No formato coletivo, projetos que estão na mesma fase participam juntos. Individualmente, os trabalhos são realizados com apoio de um consultor especialista naquela área”, explica Ricardo Bortoli, outro idealizador da Incubadora Virtual e consultor de gestão de projetos da Adetec. Consultorias específicas também serão disponibilizadas, como na área jurídica, de tecnologia da informação, contábil, marketing, entre outras.

 

A ideia é criar um ecossistema em que um ajude o outro, ou seja, um ambiente em que as empresas se comuniquem para agregar valor ao seu produto ou serviço, unindo-se para atender um mercado diferente. “Por isso, nós fazemos um acompanhamento humano e próximo com os incubados. Além dessa base de conhecimentos, cursos, ferramentas e pesquisa de mercado, conectamos os empreendedores com oportunidades para o seu negócio”, aponta Flávio. Outro benefício é o acesso facilitado ao crédito, por meio de programas e parcerias, como o Banco do Povo e Desenvolve SP.

 

Como funciona?

 

A inscrição é online e o empreendedor deve acessá-la pelo site incubadoradelins.com.br/incubadoravirtual, preenchendo os dados e enviando para análise. A comissão avaliará em qual fase se encaixa o empreendimento: ideação, quando ainda existe apenas uma concepção do negócio; incubação, quando tem uma modelagem de negócio mais avançada; e aceleração, no caso de uma startup ou empresa estruturada que precisa ser acelerada.

 

Toda ideia é válida

 

Os organizadores afirmam que estão abertos a todo tipo de ideia. Flávio lembra que a incubadora física da Adetec já graduou diversos tipos de empreendimentos. Houve ebook de emagrecimento criado por dois jovens no início do marketing digital, que vendeu R$ 1 milhão em curto período; um programa de automação de caixas d´água no agronegócio, que rendeu ao inventor (antes desempregado) prêmios e expansão nas vendas para o país todo; empresa de serviços de limpeza para supermercado saindo do 0 a 50 funcionários em um ano; engenheira que decidiu empreender com uma confeitaria e, agora, abriu filial em outra cidade mesmo em cenário de pandemia, entre tantos outros.

 

A instituição quer, ainda, atrair projetos nascentes em escolas de nível superior ou técnico, que serão isentos de pagamento nos três primeiros meses, prorrogáveis por igual período. Os valores, aliás, variam a depender da fase do projeto, mas são acessíveis a todo tipo de empreendedor, mantendo a veia social característica da entidade.

 

Essa prospecção de ideias já era realizada com o programa Hotel de Projetos, sendo subsidiadas pela Adetec. A intenção é profissionalizar ideias ainda em formação. Segundo Flávio, um dos atuais incubados físicos começou no Hotel de Projetos, recebeu o amparo necessário, abriu sua empresa de softwares, apps e games na Incubadora e, recentemente, teve um projeto aprovado no PROAC (Programa de Ação Cultural) pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.  

 

Expresso para o futuro

 

Berço de grandes empresas, como Grupo Garavelo, Bertin, Fotografia Euclydes, Cory Alimentos, Lojas Arapuã, Tanger, entre outras, Lins quer manter esse potencial inovador.  “Quando falamos em dar escala e ampliar nosso horizonte, estamos falando também de criar soluções e produtos para sociedade em função desse momento, melhorar processos, gerar mais receita e postos de trabalho, oportunidades para os jovens nas escolas. Vamos conectar com empresas do outro lado do mundo que necessitam de um profissional que pode estar na região. Ou ideias de outro lugar que encontrem endereço por aqui, por exemplo”, afirma Flávio.

 

É com essa missão que a Adetec nasceu, conectando sociedade civil, poder público, universidades, grandes empresas e impulsiona pequenos e médios empreendedores. “Somos um agente facilitador nesse processo de desenvolvimento, criando programas, como a Incubadora, o Centro de Inovação, o Centro Municipal de Formação Profissional, o Polo Tecnológico. E, conectados com o novo momento, nasce a Incubadora Virtual. Evoluímos com sustentabilidade. Nós somos uma referência estadual e nacional, pelo tempo e trabalho que temos. Tem cidades maiores fazendo isso só agora”, aponta Flávio.

 

Apenas no período de 2014 a 2019, a instituição gerou 925 empregos, 2.392 horas de consultorias, 8.568 capacitações e 215 empresas apoiadas. “A incubadora cria empresas para que a gente possa atrair e reter os talentos e, ao criar essas empresas, ela necessita de outras pequenas para alimentá-las. Vamos fomentando essa roda de desenvolvimento. Junto da sociedade, a Adetec está construindo o trilho que vai levar o trem da cidade para o futuro”, complementa Eugenio.

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