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O sentido da arte em nossa vida - Adetec Lins

25 de novembro de 2016

O sentido da arte em nossa vida

Por Adetec Lins

“... não há tecnologia mais poderosa que o diálogo.” (Monique Evelle)

Encontrei nas obras literárias do escritor Fernando Pessoa um pensamento que quero trazer à baila para reflexão: “A arte existe porque a vida é insuficiente”. A partir daí podemos nos perguntar: como a arte pode compensar o bastante em nossa vida? Tornando-a mais equilibrada?

 

Para que possamos encontrar uma resposta a essa indagação, é importante que entendemos aquilo que envolve a arte. E é assim que convido você, meu leitor, a trocarmos ideias sobre minhas considerações a respeito.

 

Então vamos ver...

 

O que é Arte?

 

“A arte é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias formas, em especial na música, na escultura, na pintura, no cinema, na dança, entre outras. ”

 

“Arte é a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular esse interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de arte possui um significado único e diferente. ” (Wikipédia)

 

 

O que é ser Artista?

 

“Um artista é, de modo geral, uma pessoa envolvida na produção de arte, no fazer artístico criativo. No entanto, essa definição tem variado imensamente ao longo dos séculos e nas diferentes culturas, e seu conceito está diretamente ligado ao conceito de arte, igualmente controverso e variável. Pesquisas científicas tem consistentemente falhado na tentativa de enquadrar o que se entende por artista dentro de parâmetros fixos e de valor universal, mas isso não impede que as tentativas continuem a se multiplicar. ” (Wikipédia)

 

 

Produtor Artístico. O que faz?

 

“Produz eventos de entretenimento e dirige programas de televisão. Realiza pesquisa de mercado, define conceitos de identidade visual e musical e desenvolve estratégias de marketing para divulgação.” (Catho profissões)

 

Produção cultural, o que é?

 

“É uma atividade profissional que consiste em gerenciar a organização de eventos culturais ou a confecção de bens culturais. Produtores culturais podem organizar shows, exposição de arte, espetáculos de música, dança teatro, ou coordenar a gravação de discos, vídeos, programas de TV, rádio e inúmeras outras atividades de expressão cultural. ” (Wikipédia)

 

O que é e faz um Agente Cultural?

 

“Agentes culturais trabalham no sentido de promoverem Arte e Cultura, o que envolve reconhecimento de trabalhos de artistas e organizações que empregam a Arte como agente de mudança. Seus trabalhos podem ter como tema assuntos que variam desde problemas sociais até ambientais. Uma grande parte de seu trabalho incorpora um elemento de responsabilidade social. Geralmente tais profissionais têm um “background” variado e interesse em Arte, Arquitetura, Cultura e similares. ”

 

“Seus projetos envolvem colaboração com cidades ou grupos, a fim de abordar de formas criativas as questões sociais, criação de intervenções artísticas em diversos locais, discussão de questões como violência, imigração, conservadorismo, pobreza, saúde, educação etc. Agentes culturais mostram que o trabalho de artistas não é um fenômeno singular e suas ideias criam intervenções efetivas que se tornam cada vez mais salientes. ” (www.explicatudo.com)

 

 

 

Pois bem, entendendo o significado desses elementos básicos que envolvem a arte, podemos perceber que ela compõe-se de pessoas: os artistas, os quais possuem a aptidão para expressar através dela as diversas impressões mentais sobre a realidade em que cada um de nós, como seres humanos, estamos inseridos; os produtores artísticos e culturais, os quais buscam meios para que o artista produza a arte; e os agentes culturais, que incentivam o trabalho artístico instigando as pessoas em geral a se identificarem com ele e, através dele, se sintam motivadas a transformar uma determinada realidade, porque descobrem na arte um outro modo de pensar, olhar o mundo à sua volta e as condições para transformar a vida em seu desequilíbrio.

 

Como dizia o saudoso dramaturgo Augusto Boal:

O difícil não é viver em sociedade; o difícil é transformá-la”.

 

E a arte, na sua essência pode nos proporcionar essa transformação, desde uma questão pessoal a uma dimensão que envolva toda a sociedade.

 

Quando observamos um verdadeiro artista falar do seu trabalho, em poucos minutos é possível notar a sua paixão, o seu amor pela arte… Observando mais atentamente os seus trabalhos, sejam eles na Literatura, Pintura, Artesanato, Música, Dança, Teatro, Contação de Histórias…, é comum escutarmos o diálogo dele com as pessoas, por exemplo, com um ator de teatro:-“Gostei muito da sua atuação…, - “O seu monólogo me sensibilizou, me fez refletir sobre minha vida…, - “Essa semana mesmo estava falando com minha irmã e foi exatamente como sua fala, bem como o texto descreve.”

 

Ora, então a arte expressa a nossa vida!

 

Captar as nuanças entre a arte e a nossa vida real requer uma análise apurada do trabalho artístico e exige também um esforço pessoal para sairmos da nossa rotina do dia a dia para prestigiar um evento ligado as Artes.

 

Nossa vida pode ganhar uma nova oportunidade de afastamento do cotidiano, da rotina a qual nos submetemos e permitimos viver. Vivemos em uma sociedade em que o ‘entretenimento’ está tão enraizado em nosso cotidiano, que a oportunidade de visualizar algo que seja diferente dessa rotina – ainda que seja para a mudança de nossos paradigmas relativos aos valores de vida, os quais possam contribuir para o nosso autoconhecimento e influenciar para o bem das pessoas com as quais convivemos – nem sempre é bem vista!

 

 

Vivemos as experiências de outras pessoas, falamos da vida de outras pessoas, as novelas ditam a moda, o comportamento, as intrigas..., ‘como se a vida real e o cotidiano das pessoas fossem assim como elas retratam… ’E o mais espantoso é que chegam a discutir e direcionar a vida dos espectadores em função da vida e da realidade totalmente descabida do seu real contexto.

 

Quando se percebe o questionamento na sociedade, dizem que é propositada a inversão dos valores… Quando as pessoas estão discutindo temas que não dizem respeito a suas vidas, distraídas da realidade, as mazelas acontecem em todos os campos: Político, Judiciário, Midiático, e as pessoas não questionam, pois estão distraídas com o “entretenimento–o pão é o circo–de sempre…!

 

Atualmente, com o avanço da tecnologia as coisas tendem a ganhar uma extensão quase que irreal, ao ponto das pessoas almejarem a última versão de um celular, de um iPhone ou um iPad, por exemplo, sem mesmo terem dominado a versão anterior.

 

Em função da dinâmica do mundo econômico, as pessoas fadam ao absurdo em dizer que precisam acompanhar..., se não, ficam para trás…! E eu questiono: -Para trás em que...?! A vida não pode ser uma mercadoria, as pessoas não podem viver em função de um mercado…, ou será que eu é quem estou enganado…?!

 

O que realmente está ficando para trás, esquecido e perdendo o valor é o diálogo olho no olho, vida a vida; não percebemos mais com facilidade os laços próximos de convivência das pessoas, as quais estão muito mais ocupadas em viver vidas que não lhes dizem respeito!

 

 

E o papel da arte é justamente o de instigar as pessoas a descobrirem o que cada obra representa no seu cotidiano e como o artista retrata o significado dessa representação.

 

 

Será que estou percebendo o contexto da minha vida? Será que estou vivendo as minhas experiências? Ou nem sei responder a essas questões?

 

Entre os meus melhores amigos, quantos deles eu dialoguei pessoalmente; perguntei como ele, sua família, seu trabalho, estão?

 

Há quanto tempo não dou um abraço de amigo…?!

 

Todas essas indagações podem encontrar respostas no mundo das artes. Como dizia o escritor, poeta e dramaturgo britânico Oscar Wilde - “A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida...” Para ele, a vida deveria ser norteada pelas preocupações artísticas como forma de enfrentamento dos problemas do mundo moderno.

 

Porque na verdade, o artista ao executar a sua obra encarna os seus sentimentos, a sua percepção de mundo, seja ela: uma pintura, uma escultura, uma peça de teatro, um livro, uma dança ou uma música..., buscando transpor nela, um significado especial para cada pessoa que a aprecia e que poderá transformar a realidade pessoal e social desta.

 

 

Daí a importância de valorizarmos as artes e tudo o mais o que ela contempla. Fazer da nossa vida um objeto de arte. Pergunte a si mesmo: ‘Se eu fosse uma escultura, qual seria? Que quadro eu gostaria de ser? Que música marcou minha vida? Que livros influenciaram a minha história? Quais as músicas que embalaram meus sonhos? Que ator de teatro ou cinema me encantou mais em alguma fase da minha vida? ’

 

Por outro lado, é salutar percebermos como dimensionar o valor do trabalho artístico, no sentido de agregar todos os elementos que o compõem. O artesanato feito a mão é produto de um artesão que alia utilitarismo à arte. Os atores e atrizes de teatro para a atuação em cenários dedicam-se um considerável tempo à leitura, aos ensaios…, até que consigam sentir suas vidas mergulhadas no personagem.

 

Quando o próprio artista cuida de sua produção, ele desempenha diversas funções ao mesmo tempo e nesse processo seu desempenho artístico exige um esforço intelectual e prático maior para compor o todo artístico. E neste todo artístico, o papel do diretor, do produtor e mesmo o de um agente cultural é potencializar as habilidades do artista, proporcionando-lhe condições para sua total dedicação ao oficio da arte.

 

Como dimensionar o valor desses trabalhos? O mundo em que os artistas vivem é o mesmo em que vivem as outras pessoas. E a questão que desejo destacar aqui é o ‘princípio da dignidade em se respeitar o profissional’, em suas diversas áreas; no caso aqui destacado, o contexto da produção artística.

 

 

Acredito que todo o empenho para se compreender o trabalho do escritor, do artista, do ator, do artesão, do músico, do bailarino, etc. representa a valorização das Artes e da Cultura, como um sinal de que a sociedade é madura, reconhece o papel das artes no contexto social e os benefícios que ela proporciona. E para isso é fundamental a presença do público, pois sem ele não existirá espaço para as artes florescerem.

 

Normalmente a arte é considerada pela sociedade em geral como uma atividade de hobby. É comum as pessoas perguntarem aos artistas - ‘Mas afinal, qual é a sua profissão? - Em que você trabalha realmente? - Algo desestimulante para quem se dedica as artes e precisa exercer outra atividade paralela para obter ganho financeiro necessário à sua sobrevivência, até que encontre o espaço e as oportunidades para ser visto e reconhecido profissionalmente como artista.

 

Uma sociedade que produz e dissemina a ideia dos 15 minutos de fama, os quais poderão mudar a vida de uma pessoa, reproduz uma cultura insignificante e ilusória. O mundo em que vivemos, carece dos valores primordiais de estímulo à cultura; o entretenimento passou a ser a referência da distração cotidiana e isso faz com que as pessoas de fato não se preocupem em aprimorar suas experiências devida.

 

Atualmente, é comum nos depararmos com pessoas que comentam sobre assuntos e situações sem terem a menor ideia do que estão falando. As manchetes dos jornais, das revistas, dos telejornais se tornaram a referência da informação, pela informação.

 

Aprofundar um tema, pesquisar, ler, formar de fato uma visão ampla já não é importante. Ler dá trabalho; parar para dialogar com pessoas sábias já não tem importância.

 

Aqui cito alguns autores e breves citações, onde você poderá pesquisar mais a fundo, dentro do seu interesse. O Escritor Martin Seligman em seus estudos definiu um novo princípio, onde cita: o “florescimento humano” é mais plausível do que perseguir simplesmente a “felicidade na era do capitalismo”.

 

“Como a empatia pode mudar o dia-a-dia? - Quando conhecemos o outro, todo mundo ganha e sai mais rico da experiência”. ... “A falta de empatia, da capacidade de se relacionar com outro e sua dor faz com que grande parte da juventude não consiga exercer plenamente seu protagonismo.”

(Américo Mattar)

 

“Temos que pensar a empatia com as pessoas mais concretas, do cotidiano, com quem se convive e trabalhe, mas também, na era da conexão, as pessoas encontradas no espaço virtual. É um bom desafio pensar no quanto a tecnologia pode influenciar essas mediações, à luz do protagonismo jovem.” (Márcia Tiburi)

 

“… como é possível exercer a empatia no contexto de desigualdade social e falta de oportunidades para muitos dos jovens. ”… “Ouvir a vivência do outro pode ser uma das soluções para evitar polarizações e aumentar a empatia. Ainda assim, não há tecnologia mais poderosa que o diálogo.” (Monique Evelle)

 

“Desenvolver e valorizar o fazer artístico, fomentar a cultura, unir talentos diversos, exercitar o pensamento crítico, estimular o intelecto e sensibilizar a alma, são esses os objetos da Primeira Mostra de Teatro de Lins, realizada em setembro 2016. Artistas unidos em uma semana dedicados a esta imortal arte, a arte teatral. Que um pouco dos Personagens aqui nascidos, possa ficar vivo no coração de cada espectador.”

(João Luís Mendes Dias - Professor e Diretor Teatral)

 

Luiz Carlos Carneiro, linense, brasileiro português e empreendedor cultural. 

É isso, vamos nos falando… (luiz.carneiro12@hotmail.com).

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